ENTREVISTA – Conclusão da CF 2011
Com Padre Odair Donizete Bueno
Paróquia São Bento do Parateí
A Campanha da Fraternidade promovida pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) sempre tem abordado temas de impacto social, buscando incentivar mudanças sistêmicas no comportamento humano dentro da sociedade. Neste ano a CF proporcionou momentos de reflexão sobre o Meio Ambiente, a qual, vem sofrendo com a ação do homem. E para falar sobre o assunto, fomos conversar com o Padre Odair da Paróquia São Bento do Parateí, situada nas áreas onde ocorre um crescente desenvolvimento populacional e industrial de Guararema, uma parte de Mogi das Cruzes, Santa Isabel e Arujá.
Padre Odair Donizete Bueno foi ordenado Sacerdote no dia 04 de Novembro de 2006 pelo Bispo Dom Airton José dos Santos, na Catedral Sant’Ana da Diocese de Mogi das Cruzes, assumiu a administração da Paróquia no dia 31 de Agosto de 2008, e por ser extensa em território o trabalho de pastoral se torna uma missão, porém, são realizados com muito empenho. Com sede na Comunidade Santa Cruz á Rua Rio Grande da Serra, 86 no Bairro Colônia, Guararema – SP, a Paróquia São Bento administra quinze Comunidades.
Quem mora ou já morou nestas regiões, pode constatar a evolução dessas comunidades, nos bairros localizados dentro da paróquia. Uma transformação vem ocorrendo, a urbanização dos bairros antes considerados rurais, oportunidades de emprego, que acaba por exigir melhor qualificação profissional, a busca de moradias com infra-estrutura, comércios que levam independência econômica, etc. Há muito a ser feito, mas ainda sim é muito positivo. É claro que a vontade política também tem seu mérito, pois sem uma boa gestão, não seria possível ver esse desenvolvimento acontecer.
O que isso tem haver com a Campanha da Fraternidade? Embora o desenvolvimento seja positivo, por outro lado, vemos que é preciso ter equilíbrio, especialmente no que diz respeito ao Meio Ambiente. Como parte de uma sociedade crescente, será que estamos realmente dando atenção e importância a esta questão? Uma boa reflexão ou debate pode ajudar a ver, o julgar e o agir.
Luciana Martins
ENTREVISTA
1) Padre Odair, qual a ligação da Campanha da Fraternidade e Vida no Planeta?
Não podemos separar de modo algum. A Campanha da Fraternidade com a vida do Planeta se baseia na “Fé e Vida”, sendo que, na medida em que todo cristão se torna capaz de vivenciar bem o seu batismo, se comportando de fato como filhos e filhas de Deus, à sua conversão diária não será ilusão, mas será de fato parte do seu cotidiano (da sua vida), sempre fazendo a ligação entre Deus e o Mundo em que se vive.
2) A Igreja sempre se mostrou preocupada com as questões relacionadas à Natureza. O senhor acredita que as pessoas possam mudar os hábitos para a diminuição dos prejuízos contra o Meio ambiente após um esclarecimento, ou seria necessário um trabalho maior para despertar uma Consciência?
Acredito que a questão do meio ambiente seja algo relacionado ao um bom comportamento, uma boa educação (formação permanente). Sendo assim, há uma certa exigência de um trabalho longo para despertar uma consciência que deveria começar na infância, ou seja, nossas crianças aprendendo a amar e a respeitar o ambiente em que moram, levando esse pensamento por toda vida.
3) Tudo o que temos visto nas mídias (TV, Jornal, Revistas, Internet, etc) sobre o Meio Ambiente, pode ajudar a complementar a Campanha da Fraternidade?
Sem dúvida nenhuma, o desequilíbrio Criacional está explicito para quem quiser ver e constatar, e os meios de comunicação não param de dar destaques sobre as várias degradações ao meio ambiente: desmatamento ilegal, poluição sem controle dos rios, matança de animais, entre outros. Tudo isso, de certa forma, vem cooperar para uma reflexão na Campanha da Fraternidade, nesta chamada de atenção para a vida no planeta.
4) Além das propostas da Campanha da Fraternidade de 2011, quais os gestos concretos puderam levar as pessoas a uma reflexão, motivando e despertando a consciência sobre as responsabilidades de preservação do meio ambiente?
Penso que além das várias propostas apresentadas pela Campanha da Fraternidade deste ano, em relação à preservação do meio ambiente, um pensamento deve-se levar como gesto concreto para nossa ação do dia-a-dia: “Que tipo de planeta, que mundo queremos deixar para as crianças, para as futuras gerações?”
5) O que a Paróquia desejou destacar nesta CF?
O alcance que a Campanha da Fraternidade tem é maravilhoso, o Brasil inteiro refletindo sobre o mesmo tema, desde as capelinhas ribeirinhas do Amazonas, até as grandes catedrais em nossas gigantes capitais. Todos unidos num só pensamento, somando com essa massa, filhos e filhas de Deus, trabalhando com crianças, jovens na catequese, o encontro com as famílias em suas casas, nas celebrações. A unidade que se torna comunhão que revela o amor e que se desdobra em preservação, pois aquele que ama cuida, foi o que desejamos destacar.
6) A exemplo da Arquidiocese de Campinas, que fez parcerias com ONGs e Instituições para ajudá-los na divulgação e realização de trabalhos que possam conscientizar o povo sobre o Meio Ambiente. O senhor acredita que a Igreja possa fazer isso em outras localidades, de acordo com as necessidades de cada região?
Sem dúvida nenhuma, esta preocupação com o meio ambiente deve ser de todos. Por isso, o diálogo com o poder público, ONG’s, instituições, fábricas, escolas, igrejas é de suma importância, deve ser de fato um trabalho em conjunto, pois Deus criou o mundo para todos.
7) O que o senhor pode concluir sobre a CF de 2011.
De fato é um tema de interesse de todos, e que nenhuma pessoa pode se esquivar ou cruzar os braços. Por mais simples que seja o seu gesto, a sua atitude em relação a preservação do meio ambiente, com toda certeza fará a diferença para termos um planeta mais saudável, um mundo mais limpo.
8) Mensagem do Padre Odair:
O uso das realidades para o nosso sustento e sobrevivência é imprescindível. Porém, é necessário resgatar a sobriedade no consumo dos bens necessários á vida e evitar os desperdícios e degradações do Eco Sistema. A sociedade contemporânea vive em função de um desmedido consumismo, perdeu a sabedoria da vida simples. Desde muito cedo, as pessoas são orientadas a se tornarem grandes consumidores, muitas vezes perdendo a capacidade de discernirem entre o necessário e o supérfluo. Uma vez formada essa pessoa “consumista”, suas necessidades se tornam cada vez maiores. O supérfluo torna-se conveniente e o conveniente necessário. O ser egocêntrico e compulsivo pelo “ter”, mais do que pelo “Ser”, o faz escravo das necessidades. Portanto, se faz necessário uma mudança de mentalidade, de atitudes, uma sincera conversão. Passando assim, a ser uma pessoa disposta a fazer da sua existência um serviço de amor ao próximo e á natureza, capaz de cultivar com alegria um estilo de vida simples, solidário e comprometido com a vida no planeta, pois a criação geme em dores de parto.
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